Cannabis Medicinal

Cannabis medicinal (CM) refere-se ao uso da planta Cannabis sativa para tratar uma variedade de doenças. A CM foi uma das primeiras plantas usada e registrada como agente terapêutico há mais de 5 milênios, porém a planta é muito mais antiga: há registro de sua presença nas montanhas de Altai na Ásia Central há cerca de 12.000 anos.

Os canabinóides são úteis no tratamento de danos neurológicos isquêmicos agudos ou doenças neurodegenerativas crônicas, os canabinóides podem atravessar a barreira hematoencefálica e exercer seus efeitos antioxidantes no cérebro. Desta forma a cannabis pode ser usada para prevenir, interromper ou tratar danos neurológicos na doença de Parkinson, doença de Alzheimer e demência por HIV; neurodegeneração autoimune do tipo que pode ocorrer na encefalite e dano neuronal hipóxico ou anóxico que pode resultar de apneia, parada respiratória ou cardíaca e anóxia causada por afogamento, cirurgia cerebral ou trauma Do ponto de vista clínico, o “USO COMPASSIVO” da cannabis representa a prescrição para condições patológicas específicas, onde se constata falha terapêutica com tratamento medicamento padrão para uma doença debilitante, “não responsivas” aos tratamentos de primeira linha.

Embora o tema tenha avançado rapidamente nos outros países, aqui no Brasil a justificativa mais comum contra a terapia com canabinóides é afirmar que não existem evidência científica para seu uso, esse argumento se desfaz com uma pequena pesquisa de materiais indexadas já publicados com alta qualidade e relevância científica, essas publicações aumentaram rapidamente nos últimos anos, com mais de 32,508 resultados como demonstrado a fonte do PubMed.

Entenda melhor a Cannabis Medicinal.

Na imagem abaixo possui três círculos, o interno (menor) detalha as patologias alvo da terapia canábica (dor, sono, sintomas neurológicos, sintomas de humor e comportamento), o ciclo intermediário descreve o canabinóides que media as ações nesses sintomas e o ciclo externo descreve a doença que pode ser tratada com cada canabinoide. Para conseguir o efeito terapêutico desejável sabemos que quimicamente os canabinóides atuam em sinergia através do "efeito entourage”, sendo improvável que uma molécula isolada corresponda ao potencial terapêutico da própria Planta Cannabis: UMA FÁBRICA FITOQUÍMICA, por isso defendemos o uso do óleo Full Spectrum, com predominância de CBD ou THC a depender da patologia a ser tratada. É importante ressaltar que não aconselhamos qualquer tratamento sem acompanhamento médico especializado.

Resultados de pesquisas...

A seguir detalharemos algumas patologias onde o uso da cannabis mostra bons resultados terapêuticos mesmo quando outras abordagens falham. Para cada tópico descreveremos as palavras chaves usadas como descritores na busca por material google acadêmico com o número de artigos correlacionados ao tema.

CANNABIS NO TRATAMENTO DA EPILEPSIA

A primeira descrição moderna detalhada da utilidade dos produtos à base de cannabis como medicamento anticonvulsivante foi publicada em 1843 por WB O'Shaughnessy, médico do Exército de Bengala e Professor de Química na Faculdade de Medicina de Calcutá. Depois de testar os efeitos comportamentais de várias preparações de Cannabis em animais e assistentes militares, investigou o valor potencial de extratos da planta em pacientes com diferentes distúrbios, e relatando notáveis ​​efeitos anticonvulsivantes em uma menina de 40 dias de idade com convulsões recorrentes (O'SHAUGHNESSY; SCIENCES, 1843)

USO DE CANNABIS NA POPULAÇÃO COM DEMÊNCIA

Os sintomas neuropsiquiátricos (SNP) são comuns a todos tipos de demência e podem aumentar os riscos significativos de lesões aos pacientes e cuidadores, reduzindo sua qualidade de vida. Não há cura conhecida para a doença, diante dessa realidade e das diversas evidências da eficácia e segurança, os canabinóides têm sido propostos como terapia alternativa. Dessa forma, as pesquisas com canabinóides na doença de Alzheimer e outras formas de demência aumentaram primeiramente como drogas neuroprotetoras testadas em animais. De fato, alguns estudos sugerem um potencial efeito benéfico dos agonistas dos receptores CB1 e CB2 aumentando os mecanismos intrínsecos de reparo cerebral. A ativação do receptor CB2 tem sido associada à redução da produção de compostos pró-inflamatórios e à remoção das placas beta-amiloide (Aβ) entre os humanos.

USO DE CANNABIS NOS DISTÚRBIO DO SONO

A insônia é um problema muito prevalente na população com várias consequências reconhecidas para a saúde, as opções terapêuticas são limitadas e podem ter efeitos deletérios assim sendo aumentou o interesse na busca de fármacos adicionais para tratar essa condição. O uso de sedativos no tratamento dos distúrbios do sono é relevante, mas a magnitude do efeito é pequena; em pessoas com mais de 60 anos os benefícios desses medicamentos podem não justificar o risco. Devido ao seu potencial ansiolítico, os canabinóides são historicamente usados ​​como auxiliares no tratamento da insônia.

USO DE CANNABIS NA DOENÇA DE PARKINSON

Atualmente, não há medicamentos que curem a doença, a levodopa e outros tratamentos sintomáticos padrão proporcionam alívio limitado, porém com muitos efeitos colaterais, como oscilações de resposta e discinesia induzida por levodopa. Há necessidade de estratégias alternativas com tratamento eficaz, menos efeitos adversos e menos custos de saúde. Do ponto de vista legal, os pacientes que estão gravemente doentes têm até o direito de serem tratados compassivamente com cannabis se os métodos de tratamento padrão não forem bem-sucedidos ou resultarem em efeitos colaterais insuportáveis. A cannabis medicinal demonstrou melhorar os sintomas motores, incluindo tremor, rigidez e bradicinesia, bem como sintomas não motores, como dor e distúrbios do sono da DP.

TRATAMENTO COM CANNABIS EM PACIENTES COM CÂNCER

Para o paciente com câncer, a cannabis tem vários benefícios potenciais, especialmente no manejo dos sintomas. A cannabis é útil no combate à anorexia, náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, dor, insônia e depressão. A cannabis pode ser menos potente do que outros antieméticos disponíveis, mas para alguns pacientes, é o único agente que funciona e é o único antiemético que também aumenta o apetite. Além do controle de sintomas, um corpo crescente de estudos in vitro e em modelo animal apoia um possível efeito anticancerígeno direto dos canabinóides por meio de vários mecanismos diferentes envolvendo apoptose, angiogênese e inibição de metástase. Durante a última década, vários estudos mostraram que os agonistas dos receptores CB1 e CB2 podem atuar como agentes antitumorais diretos em uma variedade de cânceres agressivos, incluindo glioblastoma (GBM), câncer de mama, pulmão, próstata e cólon.

CANNABIS NO TRATAMENTO DA DOR

A dor crônica é uma das indicações mais comuns para prescrição de cannabis medicinal. O relatório da National Academies of Sciences conclui que a cannabis é eficaz para o tratamento da dor crônica em adultos e idosos. Antes da cannabis medicinal o tratamento mais eficiente contra a dor crônica eram os opioides, utilizados apesar de seus riscos e efeitos adversos. Dos pacientes que relataram dor crônica, 85% relataram diminuição da dor com a terapia CM.